sábado, 26 de maio de 2012

O Pensamento de Almeida Jr.

O encontro do GEHIM de hoje abordou a exposição Almeida Jr. um criador de imaginários, sob a curadoria de Maria Cecília França Lourenço e Ana Paula Nascimento (2007/Pinacoteca),  identificando a as releituras contemporâneas do pintor, um construtor do "imaginário paulista". Ana Paula Daher trouxe críticas à curadoria da exposição e um panorama da obra pictórica do artista. Isamara Carvalho, por sua vez,  destacou elementos que poderiam configurar um pensamento em sua obra, como as ambiguidades presentes nas representações dos instrumentos de trabalho e nos contrastes entre o moderno e o rural. Discutiu-se, ainda, as análises sobre a "violência e o caipira" (Jorge Coli), além das  bases pré- impressionistas na produção do pintor. A partir de diversos textos teóricos, Ana Rita nos ensinou sobre a fotografia no Brasil do século XIX e sua influência sobre a pintura, em especial sobre Almeida Jr. Nos traços de brasilidade de sua pintura estariam elementos de um pré-modernismo brasileiro? É o que discutiremos no próximo encontro, dia 16/06, no qual serão detalhados os seguintes temas:

Realismo, Impressionismo e Romantismo em Almeida Júnior? - Armando Coelho/FAV

O Caipira e a Vida Rural em Almeida Júnior - Mauro Pires/IFG

A Leitura Modernista de Almeida Júnior por Mário de Andrade - Jacqueline Siqueira Vigário/FH

Compareçam!!!!!
Capira Picando Fumo, 1893. J. Ferraz de Almeida Jr.

O sol forte não parece incomodar o homem sentado nos degraus da casa. Uma tarefa singela concentra toda sua atenção: picar fumo, atender a um pequeno vício. Não se trata propriamente de trabalho. E sua concentração corresponde ao aspecto caprichoso da atividade. Absorto, suas feições não revelam a tensão de quem necessita alcançar um objetivo preciso. Basta se deixar levar pelos movimentos conhecidos das mãos. O alheamento reduz sua presença física e torna-o menos suscetível ao calor, em proveito de um momento de intimidade, de quem se vê entregue ao ritmo errante das divagações. Ao fundo, a porta entreaberta e a sombra do interior da habitação reforçam a atitude ensimesmada do caipira, como se o abrigo físico da casa ecoasse a proteção evocada pelo recolhimento psicológico, numa quase figuração do que costumamos chamar “interioridade". (Maria Cecília França Lourenço)