O encontro do GEHIM de hoje abordou a
exposição Almeida Jr. um criador de imaginários, sob a
curadoria de Maria Cecília França Lourenço e Ana Paula Nascimento
(2007/Pinacoteca), identificando a as releituras
contemporâneas do pintor, um construtor do "imaginário paulista". Ana
Paula Daher trouxe críticas à curadoria da exposição e um panorama da obra
pictórica do artista. Isamara Carvalho, por sua vez, destacou elementos
que poderiam configurar um pensamento em sua obra, como as ambiguidades
presentes nas representações dos instrumentos de trabalho e nos contrastes
entre o moderno e o rural. Discutiu-se, ainda, as análises sobre a
"violência e o caipira" (Jorge Coli), além das bases pré-
impressionistas na produção do pintor. A partir de diversos textos teóricos,
Ana Rita nos ensinou sobre a fotografia no Brasil do século XIX e sua
influência sobre a pintura, em especial sobre Almeida Jr. Nos traços de
brasilidade de sua pintura estariam elementos de um pré-modernismo brasileiro?
É o que discutiremos no próximo
encontro, dia 16/06, no qual
serão detalhados os seguintes temas:
Realismo,
Impressionismo e Romantismo em Almeida Júnior? - Armando Coelho/FAV
O Caipira e a Vida
Rural em Almeida Júnior - Mauro Pires/IFG
A Leitura Modernista
de Almeida Júnior por Mário de Andrade - Jacqueline Siqueira Vigário/FH
Compareçam!!!!!
Capira Picando Fumo, 1893. J. Ferraz de Almeida Jr.
O sol forte não parece
incomodar o homem sentado nos degraus da casa. Uma tarefa singela
concentra toda sua atenção: picar fumo, atender a um pequeno vício. Não se
trata propriamente de trabalho. E sua concentração corresponde ao aspecto
caprichoso da atividade. Absorto, suas feições não revelam a tensão de
quem necessita alcançar um objetivo preciso. Basta se deixar levar pelos
movimentos conhecidos das mãos. O alheamento reduz sua presença física e
torna-o menos suscetível ao calor, em proveito de um momento de intimidade, de
quem se vê entregue ao ritmo errante das divagações. Ao fundo, a porta
entreaberta e a sombra do interior da habitação reforçam a atitude ensimesmada
do caipira, como se o abrigo físico da casa ecoasse a proteção evocada pelo
recolhimento psicológico, numa quase figuração do que costumamos chamar
“interioridade". (Maria Cecília França Lourenço)
|